Os Dois Candangos




Photography by André Mota:
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Candangos

Os operários que migraram para o planalto central para atuar nas obras de Brasília foram denominados candangos, em alusão aos angolanos, que assim chamavam os colonizadores de Portugal. Vindos principalmente do Nordeste, que enfrentava um terrível período de seca no fim dos anos 50, dezenas de milhares de trabalhadores lutaram contra a falta de hospitais, más condições sanitárias e escassez de alimentos. O ponto alto do sofrimento dos candangos foi no carnaval de 1959, quando uma empreiteira impediu os operários de se divertirem nas cidades vizinhas. Com isso, os trabalhadores se levantaram contra a construtora, que os reprimiu de maneira violenta. Até hoje, não há dados oficiais sobre o ocorrido, mas especulava-se, na época, que o episódio deixou 9 mortos e 60 feridos. Para relatar esse massacre, o cineasta Vladimir Carvalho lançou, em 1981, o longa-metragem Conterrâneos Velhos de Guerra.
Fonte: http://brasilimperdivel.tur.br/dois-guerreiros-os-candangos/

Modernimos

O modernismo brasileiro ocorreu na primeira metade do século XX e baseou-se na ideia de que as formas “tradicionais” das artes plásticas, literatura, design, organização social e da vida cotidiana tornaram-se ultrapassadas, e que se fazia fundamental deixá-las de lado e criar no lugar uma nova cultura. Esta constatação apoiou a ideia de reexaminar cada aspecto da existência, do comércio à filosofia, com o objetivo de achar o que seriam as “marcas antigas” e substituí-las por novas formas, e possivelmente melhores, de se chegar ao “progresso”. Em essência, o movimento moderno argumentava que as novas realidades do século XX eram permanentes e eminentes, e que as pessoas deveriam se adaptar a suas visões de mundo a fim de aceitar que o que era novo era também bom e belo. Foi desencadeado a partir da assimilação de tendências lançadas pelas vanguardas europeias no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial.

BRUNO GIORGI/ ESCULTURA “OS CANDANGOS”

Um dos autores que se destacaram no modernismo brasileiro foi Bruno Giorgi, pintor e escultor que nasceu no ano de 1905. Dentre as várias obras de Giorgi, destaca-se a escultura “Os guerreiros” ou popularmente conhecida como “Os Candangos”. “Candango” era o nome que os africanos usavam para referir-se a seus colonizadores portugueses, termo pejorativo, que significa “indivíduo ordinário, ruim”. Contudo, no Brasil, a palavra mudou sua conotação, agora se referindo positivamente as pessoas que trabalhavam na construção da capital. Sobre isso, o próprio Giorgi revelou: “Eu fiz os guerreiros que foram fundidos aqui no Rio de Janeiro. E eu tinha feito uma maquete de um metro e meio ai eles aprovaram, a comissão aprovou, inclusive o Oscar Niemeyer aprovou. Então depois eu ampliei aqui, fiz com 9 metros de altura. Depois tem um pequeno pedestal, depois tem dois elementos que se abraçam que chamam de guerreiro, mas o meu sonho era fazer uma homenagem ao candango. Tanto que depois veio pôr nome de candango. Isso aqui é um monumento aos candangos”.


Figura 4: Os Candangos
Fonte: http://www.mercadoarte.com.br/wp-content/uploads/2012/06/Bruno_Giorgi_os_Candangos_obras1.jpg

A escultura foi erguida no ano de 1959, na praça dos três poderes em Brasília, como homenagem aos 80 mil trabalhadores responsáveis pela construção da capital. A obra mede oito metros de altura e é toda feita em bronze. Ainda em Brasília, além da obra citada, temos o “Meteoro” (1967), no lago do edifício do Ministério das Relações Exteriores, localizado no espelho d’água em frente ao Palácio do Itamaraty. Uma de suas obras em bronze, “Herma de Tiradentes” (1986), se encontra à esquerda da rampa de acesso ao Panteão da Pátria Tancredo Neves, uma justa homenagem a Tiradentes. Um dos seus últimos trabalhos foi o monumento “Integração” (1989), no Memorial da América Latina, em São Paulo. Bruno morreu em 1993.


Figura 5: Os candangos
Fonte: http://olhares.uol.com.br/client/files/foto/big/36/364580.jpg

O Estilo de Bruno Giorgi foi subdividido em três fases que compreendem sua produção nas décadas de 1940 a 1950. A primeira fase teve bastante influência acadêmica com vários retratos, bustos e corpos femininos, ora gordos e opulentos, ora alongados e líricos. Esta fase é conhecida como figurativa. Na segunda fase, chamada vegetativa, Bruno Giorgi mantém a utilização de figuras com hastes e preocupa-se com o dinamismo das obras. E na terceira fase (a mais conhecida), chamada tectônica, as esculturas assumem um significado mais abstrato e um caráter mais arquitetônico. Uma exposição com 80 de suas obras e o lançamento de livro sobre a sua produção abrem comemorações na Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro. Uma homenagem às comemorações do centenário de nascimento do artista que apresenta esculturas inéditas deste escultor apaixonado por sua profissão e traça um panorama de sua vida e obra através de uma foto-cronologia e uma impressionante seleção de excertos de críticas e textos publicados ao longo de sua carreira. Com prefácio de Ferreira Gullar, o livro apresenta ainda relação de obras, bibliografia e versão para o inglês. Um dos motes da exposição e do livro é apresentar também o homem artista e não somente sua obra. Em texto de Aracy ficamos sabendo de um calado Giorgi em sua casa no Rio, em almoço com o grande amigo Volpi. Na mostra há a reconstrução do ateliê de Petrópolis e de uma das salas da casa – estão lá ferramentas, desenhos, a referência ao biscoito Maizena, o cachecol e o pano que ele limpava suas mãos de “mestre escultor”. O escolhemos, pois foi um artista de grande destaque na era do modernismo, tendo em vista que foi agraciado com o primeiro prêmio governo do estado, isso no ano de 1951. Já no ano de 1953 recebe a distinção de melhor escultor nacional.
Fonte: https://somentehistoria.wordpress.com/2014/05/27/modernismo-bruno-giorgi-os-candangos/

Biografia de Bruno Giorgi


Escultor e pintor. Bruno Giorgi (Mococa SP 1905 - Rio de Janeiro RJ 1993) Em 1911 muda-se com a família para Roma. No início da década de 20 estuda desenho e escultura. Após cumprir quatro anos de pena por conspiração contra o regime fascista, é extraditado para o Brasil em 1935. Em Paris, em 1937, freqüenta as academias La Grande Chaumière e Ranson e conhece Aristide Maillol, que passa a orientá-lo. Convive com Henry Moore, Marino Marini e Charles Despiau. Em São Paulo,em 1939, trabalha com os artistas do Grupo Santa Helena e participa da Família Artística Paulista. Em 1943, a convite do ministro Gustavo Capanema, vai a trabalho para o Rio de Janeiro e monta seu ateliê na Praia Vermelha, onde passa a dar aulas, entre outros, para Francisco Stockinger. Os monumentos públicos de sua autoria que mais se destacam: Monumento à Juventude Brasileira, 1947, nos jardins do Ministério da Educação e Saúde, atual Palácio da Cultura, no Rio de Janeiro; Candangos, 1960, na Praça Três Poderes, e Meteoro, 1967, no lago do edifício do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília; Integração, 1989, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
Fonte: http://www.pinturabrasileira.com/artistas_bio.asp?cod=9&in=1